No mesmo saco
São Paulo é uma cidade caótica. Quem mora aqui sabe disso. Mas o caos se apresenta de várias formas. Ele não é uniforme, nem segue apenas um padrão pré-determinado. Se fosse assim, não seria caos, seria apenas uma ordem inconveniente.
Nesse sentido, o professor Gofredo da Silva Telles ia mais longe. Para ele o próprio caos é apenas uma ordem que não nos convém.
São Paulo tem caos no trânsito, nos sinais de trânsito, nos agentes de trânsito, nos motoristas que emperram o trânsito, na falta de ordem que impera nas ruas e para tudo com a sem cerimônia das cobras gigantes quando querem dormir.
Temos caos nas construções, na ocupação do espaço urbano, na falta de licenças de todos os tipos e na falta de respeito que faz com que usem o espaço urbano público e privado para fins completamente diferentes do que está planejado para aquela área.
E temos um caos todo especial, pelo carinho ou pela homenagem original, que envolve os nomes das ruas da cidade.
Alguns bairros seguem certa ordem, como as ruas do Jardim América, que têm os nomes dos países americanos, e o Jardim Europa, que homenageia os países daquele continente. Mas mesmo neles a regra não é absoluta.
No resto da cidade vale tudo. É assim que, no Butantã, bairro cujas ruas homenageiam alguns vultos da Revolução de 1932, o aventureiro alemão Hans Staden se encontra com o escritor Monteiro Lobato, que empresta seu nome para a praça onde está a Casa do Bandeirante. Isso tudo regado ao mais fino jazz, tocado por Stan Getz, que dá seu nome para a rua de trás. Enfim, ainda é melhor que travessa A ou alameda B.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.