Música clássica acalma a alma
O trânsito paulistano é uma escola de malucos e uma fábrica de neuróticos. Todos ficam mais loucos a cada dia que passa. Não há antídoto, nem solução. Do marronzinho que só multa, ao motorista que é multado, passando pelos passageiros em geral, a crise do trânsito ataca todos de forma indistinta, sem preconceitos e sem necessitar feriados para ver a cor da consciência.
Ela não tem cor, mas está sempre pesada. Não tem como ser de outra forma. Todos, absolutamente todos, por conta da loucura coletiva que toma a cidade diariamente, cometemos atos falhos, irregularidades, erros e omissões, deliberados ou não.
Mais de 100 quilômetros de congestionamento se encarregam de fazer-lhe esquecer o certo e o errado. Não há fuga para ninguém. Nem mesmo os animais se sentem seguros nas ruas da capital.
Aqui tudo é diferente, até as placas que sinalizam animais nas pistas das marginais. Nunca ouvi falar de veados campeiros saltando por elas, alegres e felizes, na nobre arte de se desviarem dos carros, como se fosse brincadeira de criança.
Então o melhor remédio é entregar a alma a Deus. Deixar o Senhor guiar suas rodas, com a demora que for, em nome do bem comum. Para isso nada supera uma boa música clássica. Um concerto ou um coro, às vezes uma sinfonia e até uma ária de ópera.
É um remédio mágico que muda o cinza do dia e faz mais elástica sua paciência.
O resto é resto. Não serve para nada exceto deixá-lo mais louco do que o comum dos mortais. Esqueça o trânsito. Aproveite os congestionamentos para ouvir os clássicos e viver mais e melhor.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.