Acidentes e mortes
A pandemia trouxe com ela uma consequência interessante e lógica. O isolamento social, que no princípio era razoavelmente respeitado, diminuiu o trânsito e, em função disso, o número de acidentes em geral.
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Mas se, de um lado, este número caiu, puxado pela vontade das pessoas ficarem em casa, de outro, a própria dinâmica do isolamento contribuiu para um dado muito ruim: aumentou o número de mortes de motociclistas nas ruas da cidade. O aumento das mortes dos motociclistas foi expressivo. Mais de 40% em abril e maio em relação ao mesmo período do ano passado.
Não é difícil entender o que aconteceu. Com as ruas praticamente vazias, parte deles se sentiu dona do pedaço e, como se tivesse autorização das autoridades, começou a praticar toda sorte de barbaridades e infrações de trânsito.
As ruas deixaram de ter mão, as ultrapassagens passaram a ser feitas de qualquer jeito, a velocidade desconsiderou o máximo permitido para as diferentes vias e por aí a fora.
O vale tudo assumiu seu posto e, em primeiro lugar nas paradas de sucesso, destrambelhou pela cidade, matando e morrendo com a sem cerimônia dos antigos caubóis dos seriados da televisão.
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Como parte dos automóveis que circulavam no período também se achou dona das ruas, a situação se complicou ainda mais. Carros e motos passaram a bater de frente e, como o para-choque da moto é a cara do motociclista, evidentemente, eles foram os perdedores do duelo.
O duro é que a cidade retomou seu ritmo, mas alguns motociclistas e motoristas insistem em manter a toada de abril e maio. Escanteadas pela desculpa da pandemia, as regras de trânsito deixaram de fazer sentido. Quem tem juízo vai bem, quem não tem pode ser a próxima vítima.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.