Pressione enter para ver os resultados ou esc para cancelar.

Acidentes e mortes

 

A pandemia trouxe com ela uma consequência interessante e lógica. O isolamento social, que no princípio era razoavelmente respeitado, diminuiu o trânsito e, em função disso, o número de acidentes em geral.

Leia também: O pedestre não respeita o pedestre

Mas se, de um lado, este número caiu, puxado pela vontade das pessoas ficarem em casa, de outro, a própria dinâmica do isolamento contribuiu para um dado muito ruim: aumentou o número de mortes de motociclistas nas ruas da cidade. O aumento das mortes dos motociclistas foi expressivo. Mais de 40% em abril e maio em relação ao mesmo período do ano passado.

Não é difícil entender o que aconteceu. Com as ruas praticamente vazias, parte deles se sentiu dona do pedaço e, como se tivesse autorização das autoridades, começou a praticar toda sorte de barbaridades e infrações de trânsito.

As ruas deixaram de ter mão, as ultrapassagens passaram a ser feitas de qualquer jeito, a velocidade desconsiderou o máximo permitido para as diferentes vias e por aí a fora.

O vale tudo assumiu seu posto e, em primeiro lugar nas paradas de sucesso, destrambelhou pela cidade, matando e morrendo com a sem cerimônia dos antigos caubóis dos seriados da televisão.

Leia também: Novas normas do Código de Trânsito Brasileiro

Como parte dos automóveis que circulavam no período também se achou dona das ruas, a situação se complicou ainda mais. Carros e motos passaram a bater de frente e, como o para-choque da moto é a cara do motociclista, evidentemente, eles foram os perdedores do duelo.

O duro é que a cidade retomou seu ritmo, mas alguns motociclistas e motoristas insistem em manter a toada de abril e maio. Escanteadas pela desculpa da pandemia, as regras de trânsito deixaram de fazer sentido. Quem tem juízo vai bem, quem não tem pode ser a próxima vítima.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.