Revisitando Santo Antonio
A igreja de Santo Antonio é das mais antigas da cidade. Sua história remonta ao século 16, logo no começo da vila, quando chegou a ser Sé, ainda que provisória.
Depois entrou em decadência. Tão acentuada que a imagem do santo foi transferida para a igreja de São Francisco, lugar mais seguro e da mesma ordem, onde Santo Antonio teria a certeza de um teto que não caísse na sua cabeça.
Eu gosto de visitar a igreja de Santo Antonio desde meus tempos de faculdade de Direito, lá se vão mais de trinta e tantos anos.
Dentro de suas linhas singelas, cercado pela história da cidade, em solo sagrado há tantos séculos, a paz é a melhor companheira para os momentos de reflexão.
De balanço da vida e da certeza da necessidade de todos os dias de manhã cedo, ainda antes de sair da cama, humildemente, dar graças a Deus.
A igreja de Santo Antonio com suas linhas coloniais paulista, com sua torre disputando espaço com os edifícios muito maiores que o passar dos séculos colocou a sua volta, remete à simplicidade original que fazia dos paulistas um povo diferente, destemido e arrojado, sem ser arrogante.
Remete a nós mesmos. Ao coração, ao mais secreto, ao escondido no fundo da alma, que faz cada um de nós ser o que é. E todos de alguma forma somos bons.
A igreja de Santo Antonio com sua pouca claridade, com sua água benta logo na entrada, com seus pequenos altares, é uma ilha de paz, um lugar místico, onde a alma e o cosmos conseguem travar o diálogo indispensável para dar sentido à vida.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.