Cemitérios e igrejas
Todo país tem seus cultos, seus ritos, suas tradições que o fazem único, com particularidades apenas de seu povo, ainda que semelhantes às de outras nações com as mesmas bases históricas, morais ou religiosas.
Muita formalidade para uma crônica? Não, na medida em que os usos e costumes, as tradições, são a essência da nossa essência.
Ninguém é só porque quer ser. O passado vive em cada um, marcando posições, cobrando preços, acertando contas.
Tanto faz eu dizer que sou católico, protestante, espírita, comunista, maoísta, democrata, monarquista, nunca, por mais que eu queira, conseguiria deixar de lado toda uma formação cristã, que transcende a educação que me foi dada, para se perder no tempo e vir consolidando as características sociais brasileiras e formando cada um de nós, únicos, mas partes do todo.
Uma boa maneira de explicar o que eu digo é usar o exemplo das igrejas e dos cemitérios. Brasileiro crescido e criado por aqui, as igrejas para mim têm um desenho claro, típico de boa parte das igrejas das praças matrizes, com uma única torre alta, encimando uma construção pretensamente gótica. E as maiores, as catedrais, essas devem ser, com exceção da de São Paulo, barrocas, como as grandes igrejas do Rio de Janeiro, Minas Gerias, Bahia, Recife e Olinda.
Da mesma forma, os cemitérios para mim deveriam ser parecidos com os cemitérios da Consolação, do Araçá ou o São Paulo.
Aí a gente sai pelo mundo e descobre que as igrejas podem ser completamente diferentes e que os cemitérios são mais diferentes ainda. Então descobrimos que todos, ao seu modo, buscam a mesma coisa. O importante é viver bem e ser feliz.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.