O contraponto da falta de lógica
Algumas ruas da cidade dão a exata dimensão da absoluta falta de lógica com que os assuntos urbanos são invariavelmente tratados.
Pode parecer prosaico, mas o fato de cada esquina de uma mesma rua ter preferenciais diferentes é de deixar santo maluco.
Imagine uma rua de bairro. Tanto faz qual, porque o negócio dela não é tráfego pesado, mas um leve trânsito local, composto em sua maioria por carros de moradores do pedaço.
Por alguma razão inexplicável, a autoridade de trânsito decide colocar placas de “pare” em determinadas esquinas desta rua e outras nas esquinas que cruzam com ela.
Qual a lógica de dela ser preferencial em relação a primeira perpendicular e a segunda ser preferencial a ela?
As duas perpendiculares nascem e morrem nas mesmas ruas, não têm diferença significativa de traçado ou de movimento, mas a primeira não é preferencial em relação à rua que as corta, enquanto a segunda é.
E a terceira pode ser ou não, como a quarta e a seguinte.
As razões para isso transcendem o bom senso, ou aquela base consequente sobre a qual as grandes cidades deveriam ser planejadas.
O fato é que na prática a falta de lógica é a lógica das ruas e o resultado é que volta e meia você assiste um belo acidente por conta de ninguém saber muito bem que rua é preferencial.
Pode ser esta, como pode ser aquela, não porque a regra do Código de Trânsito diz que a rua à direita, quando não houver sinalização é preferencial, mas justamente porque há placa e ela varia de esquina para esquina. Neste quarteirão você está na preferencial, mas no outro não está. Então, bum. Você bateu e a culpa é sua…
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.