Explicação
Tem gente que fica brava comigo porque volta e meia falo dos carros velhos que atrapalham o trânsito da cidade.
O problema é de comunicação, ou de interpretação de conceitos básicos para o bom andamento da carruagem, pelo menos numa época em que São Paulo tinha jeito e no máximo em meia hora você chegava em qualquer lugar.
Hoje na Berrini é comum se ficar parado mais de uma hora. No relógio, sem exagero nenhum. Para não falar das marginais onde os círculos do inferno se apertam, desaguando milhares de veículos e seus motoristas e passageiros, para cumprirem a sina diária da antecipação do purgatório, no acerto das indulgências.
Carro velho é carro velho. Carro antigo é carro antigo. E carro lançado há mais de 30 anos pode ser uma coisa ou outra. Depende.
Eu tenho um carinho enorme pelos primeiros carros que dirigi, ainda menino, sem carta e com carta, por uma cidade que era completamente diferente, onde andar de ônibus não era vergonha, nem tortura.
Guiei Kombi, Fusca teto solar, e sem teto solar. Aero Willys, Galaxie, Opala e Chevette com mesma desenvoltura que dirijo meus carros atuais.
E tenho muita vontade de ainda ter um Opala Especial 1971, verde amazonas que era a cor do meu primeiro carro.
Mas tenho também saudade de um Aero Willys azul de meu pai, com o qual derrubei alguns mourões de uva na fazenda de Louveira.
E tenho saudade do fusca teto solar, 1965, de minha mãe.
Como se vê meu problema não são os carros antigos, ou fabricados décadas atrás por uma incipiente indústria brasileira. Meu problema são carros velhos, que quebram por falta de manutenção.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.