Dia das mães
Que dia é o dia das mães? Será que um mero domingo de maio seria suficiente para representar todos os mistérios que o mistério da maternidade traz dentro dele? Será que as sensações de toda uma vida, ou mais ainda, de toda uma razão de ser, se limitam ao carinho de uns poucos presentes, num domingo de manhã cedo, seguido de um almoço com a família? Ser mãe é muito mais. É entender os desígnios de Deus e se saber parte deles, muito antes do fruto germinar dentro do ventre.
É se saber agente de um enorme milagre. De um instante único, capaz de parar o sol para o astro aplaudir a chegada de mais uma vida, criada para perpetuar a vida, mas que no ser humano transcende o simples ato físico para ser também um ato de amor e imenso carinho.
Ser mãe é sentir uma sensação inexplicável cada vez que a mulher passa a mão no próprio ventre. Ver o corpo mudar, perder as formas de rara beleza, para ficar mais belo ainda e se transformar em poesia no processo de construção de outra vida.
Ser mãe é transcender o lógico para ser parte da vontade divina. Estar em todas as partes na viagem de cada filho. Desde o berço até alçar voo solo, e se soltar, sem nunca perder a ligação, como se o cordão umbilical se perpetuasse não no corpo, mas na mente, criando uma ligação mais forte do que a morte e mais constante que a rotina dos dias.
Ser mãe é saber que um determinado momento, único e inconfundível, que só ela percebe, tem o dom de mudar tudo, de criar e crescer. De reprogramar o cérebro e dar outro sentido para a vida.
Ser mãe é viver na terra a criação do paraíso. Trazer pra terra a esperança do paraíso e o fazer naturalmente, como um gesto de carinho, ou de entrega, abrindo para o homem uma outra dimensão.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.