Triste de quem não sorri
Tem gente que ri fácil, da gargalhadas barulhentas, faz do ato de rir uma orgia, ou uma ópera bufa, como se rir fosse para estourar de sem fôlego, achando graça nas coisas, desde as menores até as maiores, começando pela seriedade do mundo.
O mundo é menos sério do que parece e a graça da graça é fazer as coisas tidas por muito sérias ficarem menos sérias, reduzidas à sua proporção humana, porque ninguém é maior do que ninguém e as pessoas muito sérias, em média, são umas chatas, sem seriedade nenhuma.
Rir faz bem. Rir melhora o humor e desentope os canos, alivia a úlcera e alegra o coração. Quem ri vive melhor. Mesmo não tendo dinheiro, quem ri tem amor, leva a vida com mais jeito e sofre menos.
Também tem gente que ri com moderação, num riso contido, que dificilmente chega na altura duma gargalhada, mas que dá um brilho especial aos olhos, que riem o riso da alma, achando graça na falta de lógica do mundo.
E tem quem ri de si próprio que é uma forma toda especial de rir, porque rindo de si, a pessoa aceita o mundo com mais graça. Quem se toma por sério vive uma vida escura, rosnando e zanzando de um lado para o outro. Rir de si faz bem.
Rir abre os horizontes da alma, os canais do universo, as ondas dos anjos. Quem ri sabe segredos imensos. Sabe que a vida pode ser festa e que depois de toda tempestade sempre chega o tempo bom.
Quem ri aguenta melhor as pancadas, sobrevive às tempestades e, no final, na hora de partir, normalmente sai de cena melhor, sem medo do desconhecido, aberto para a aventura de descobrir outras dimensões. Ria. Só vai te fazer bem.
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.