A cidade vista do alto
A vista do alto do edifício Itália sempre foi impressionante. Para qualquer lado que se olhe, São Paulo se estende como uma mancha monstruosa tomando de assalto o planalto, deixando uma ou outra área vazia – que até a próxima visita já estará ocupada.
O maravilhoso e apavorante é isto. Em pouco tempo, menos de um ano, ou mesmo meses, uma área vazia se transforma num novo aglomerado de casas ou edifícios, criando um bairro aberto no solo antigo desta terra abençoada, onde os rios correm para o interior e há quase 500 anos riquezas de todos os tipos são geradas com suor e esforço; com o trabalho de milhões de pessoas inconformadas com a pobreza e dispostas a arrancar seus eldorados de sonhos no dia a dia de suas existências.
Vista do alto do prédio, a cidade é um ser vivo, sem forma, como as bolhas assassinas dos filmes de terror, engolindo o que fica na sua frente, na marcha constante sempre para lá do horizonte.
São Paulo não dorme e não para de crescer. De se mexer, de mudar de lugar. De fazer tapera o que ontem era palácio, dando na sua falta de compaixão uma lição constante sobre a violência da natureza. Mostrando na sua insensibilidade diante do velho o respeito imenso pela sede de vida e pela possibilidade do futuro.
Aqui os mais fortes se sobressaem. Criam novas raízes furando o antigo solo e se integrando como se sempre houvessem sido paulistas. Porque paulistas são os que não temem os desafios, os que levam esta cidade avante, abrindo trilhas que em poucos meses são avenidas pavimentadas, cercadas de casas, indústria e comércio.
A vista do alto do edifício Itália é sempre impressionante e ao mesmo tempo, deslumbrante.
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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.