As cerejeiras paulistanas
Eu não conheço o Japão. Por isso nunca vi as cerejeiras do monte Fuji. Aliás, por isso, nem sei se o monte Fuji tem cerejeiras. Mas eu gosto de pensar que tem e que elas são as mais bonitas de todas, inclusive do que as cerejeiras de Washington que são famosas por enfeitar a capital americana, na época de sua florada.
As cerejeiras japonesas são conhecidas no mundo inteiro. Não há restaurante japonês que não tenha pelo menos um quadro das árvores famosas, feito com o traço típico da pintura do Japão. E eles são lidos, ou pelo menos poéticos, ainda que eventualmente só para nós, com olhos ocidentais.
Também não há quem já não tenha visto, pelo menos em um filme, a beleza das cerejeiras em flor deixando ainda mais belo algum lugar do Japão. Um templo, um jardim, um campo bucólico, ou o espaço apertado de um parque no meio de alguma cidade.
São Paulo também tem suas cerejeiras. Mais de 1500 delas estão plantadas no parque do Carmo. E florescem todos os anos, em agosto, como é do feitio disciplinado delas fazerem.
As cerejeiras de São Paulo foram trazidas do Japão. E foram treinadas lá antes de virem para cá. Daí essa disciplina severa, que permite ao parque se enfeitar quase que com data marcada, dando aos que vão lá, na festa das cerejeiras, a tranquilidade de se programarem, como as fábricas japonesas fazem, antes de começar qualquer processo novo.
Ao contrário dos ipês brasileiros, que abrem, mas quando eles querem, as árvores orientais abrem no momento exato, quase que dia a dia, enchendo com seu rosa deslumbrante e atípico, o cinza da cidade.
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