Mágica
Que mágica te fez real, saída das ruas escuras e cinzas, perdidas no emaranhado da cidade? Que mágica te fez real, intensa e inteira como um quadro de Botticelli arrancando Vênus do mar?
Que mistério profundo te trouxe da imensidão do cosmos, errante feito um cometa, em rota de colisão com a terra?
Que atração inevitável te abriu como um asteroide para o calor do encontro?
Que “que” te faz ser quem é, senhora da vida e da morte, no olhar limpo e transparente como as águas nas cabeceiras dos rios?
Onde você aprendeu os segredos das feiticeiras e as palavras secretas com que os xamãs exorcizam a dor?
De onde veio teu cheiro que se espalha feito o jasmim nas noites de verão? De que é feito teu cheiro intenso, mas que não oprime?
Qual o som que simboliza teu nome?
O rito que abre tua dança?
A chave que desvenda teu corpo?
Qual o sentido de tudo se perto de você tudo perde o sentido, e só tua presença cresce e se impõe?
Onde saber mais, como descobrir o escondido além da compreensão humana, para te entender como mulher?
Quem sou eu para pretender o impossível? Quem sou eu para simplesmente sonhar com tua presença?
Que direito me abre a possibilidade de viver tua presença, de senti-la, de cheira-la, de te agradar fazendo carinhos mansos e lentos, como que traçando rumos na superfície de teu corpo?
Ah, o amor tem respostas que a gente não entende….
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