As distâncias entre as distâncias
Qual a maior distância entre as distâncias? A que vai do começo ao fim? A que vai do fim ao começo? Do big bang ao infinito? Da eternidade de Deus à consciência humana?
Qual a maior distância? A que ninguém percorreu? A que não é ao menos imaginável?
Será que cruza o céu, atravessa o cosmos, fura as nuvens de nebulosas perdidas a milhares de galáxias do nosso sol de quinta grandeza, perdido num desvão do universo, numa galáxia de porte médio?
Ou será que as distâncias incomensuráveis são as que medem as distâncias do tempo, a água que não volta, o instante que não se repete, os dinossauros que se perpetuam como as estrelas mortas a bilhões de anos mas cuja luz só agora aponta nos confins do horizonte, brilhando como se tivesse nascido ontem?
Quem sabe das distâncias que englobam espaço e tempo e que convergem em paralelas que se encontram no fim do universo?
Quem decifra os teoremas que Fermat não escreveu, mas que balizam as ciências e o conhecimento que nós sabemos que existem, mas que hoje só pressentimos?
E como medir o incomensurável contido na ideia de Deus? Onde escolher o começo e onde colocar o fim? Como medir a ideia contida na ideia de Deus?
Qual a maior distância entre todas as distâncias? A que aterroriza, que espanta, que verdadeiramente separa?
A distância que verdadeiramente separa é a distância que vai da mão que se estende para a mão que se fecha, do olhar que fita para o olhar que desvia. A distância que machuca é a solidão e o medo.
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