As flores no chão de manhã cedo

As manhãs com sol são momentos lindos, cada uma à sua maneira, dependendo do jeito que o dia chega, abrindo a perspectiva de um mundo novo brilhando no céu azul, mais ou menos acinzentado.

Elas trazem no ar ainda fresco um cheiro ameno, que fala de um mundo mais limpo, quando o homem não poluía tanto. Mas traz também o contraponto de nosso destino, como uma força da natureza, com um objetivo específico, que foge da nossa compreensão, mas tem uma razão de ser que se cumprirá querendo ou não, da maneira que tiver que ser cumprido.

Todo destino é seguir em frente. O passado já foi e o presente é. Deles decorre o depois que ninguém escapa, querendo ou não.

Que o digam as flores que ontem de noite eram as rainhas do jardim e agora de manhã estão caídas na terra, manchando os canteiros da vida com seu resto de cor que em pouco tempo será menos que uma lembrança.

De um lado, o rosa de uma azaleia. Bem na frente o branco de uma camélia. À esquerda, o roxo de outra azaleia. E ainda pendendo do xaxim, uma orquídea balança lentamente um resto de pétala que lembra a flor que até anteontem era a dona festa.

A vida passa nas flores que caem. A vida passa nos cabelos que ficam brancos. A vida passa como um ritual encantado, fora de nosso controle, no qual somos apenas pequenos personagens.

Que o digam as flores caídas. E que elas sirvam de lição de humildade. Que ninguém espere mais ou menos. As coisas simplesmente são, na maior parte das vezes sem dar uma razão, um por que. Cabe a nós entender e tocar em frente, como as plantas de onde caem as flores.

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