Maio, o topo do mundo

Maio é o pico do outono, o mês que os dias ficam mais azuis, várias árvores estão floridas e, por causa da pandemia, o ar está mais limpo, deixando os dias, já intensamente azuis, mais azuis ainda.

Sessenta anos atrás, os pastos nativos ficavam pintados de bordô, com o capim gordura florido contrastando com as paineiras e os primeiros ipês estourando suas flores.

Ainda é possível ver o capim gordura florido na estrada para Campos do Jordão e a sensação continua a mesma: é lindo e faz bem pra alma.

As paineiras da Marginal Pinheiros não querem sair de cena. Insistem em permanecer floridas, alegrando os olhos de quem passa por elas, no rumo do Cebolão.

A pandemia produz coisas esquisitas, entre elas, uma cidade quase deserta depois das oito da noite. Mas São Paulo é São Paulo e o quase é só mais um detalhe, como na música de Roberto Carlos. A cidade não para e o tempo fresco do mês de maio é um convite para sair de casa, encontrar gente e se divertir.

Só que não pode e não é inteligente fazer. O vírus pega e mata, sem olhar idade, sexo, time de futebol, partido político ou religião. Desafiar a morte é bom em filme de caubói, quando o mocinho fica pendurado num penhasco e sobe o barranco lentamente, se puxando só com um braço, enquanto segura a mocinha com a outra mão.

Maio é lindo e fala de vida. Não seja teimoso, não desafie a sorte, respeite o bom senso, até porque grande parte da população, especialmente os mais moços, não serão vacinados tão cedo.

É difícil, é complicado, mas maio é outono e fala de flores e de frutos, fala de pássaros voando, de vida seguindo em frente no ritmo do tempo. Não insista. Faça sua parte e curta maio, ainda que de uma forma diferente.

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