Os dias e as noites de outono
Os dias de outono são os dias mais gostosos do ano. A temperatura é maneira, a brisa amiga, e a cor do céu inigualável, com um azul único se impondo desde o horizonte até o Zenith, crescendo de intensidade e profundidade à medida que fica mais alto.
É gostoso andar a pé, até mesmo por uma cidade como São Paulo, onde a violência pode estar na próxima esquina, brutal e cruel como ela tem se mostrado.
Mas, quem sabe, mais bonita do que os dias de outono, sejam as noites de outono. Noites únicas, pela temperatura e pela cor do céu, que também tem um tom único, profundamente azul, onde as estrelas ganham realce e parecem brilhar mais.
Maio e junho, por isso, são dois meses especiais, meses que ficam ainda mais bonitos, porque, por conta da cor do céu de suas noites, a lua cheia, neles, também fica mais brilhante, parecendo maior, como se estivesse com vontade de engolir a terra, como o peixe da lenda, que tentou engolir a lua.
É muita ambição, mas faz a noite mais bonita e isso que importa. As razões que levam a lua se vestir com seu vestido mais branco e engordar, imitando as dançarinas de dança do ventre, não interessam. A gente sabe que são a vaidade e a soberba que destroem tanta gente boa ao longo do caminho.
O que importa é o resultado, a hora deslumbrante em que a lua sai detrás das nuvens e explode no céu a bola de ouro de sua primeira entrada em cena, para depois, aos poucos, ficar branca e reinar absoluta, abafando as estrelas mais próximas e diminuindo o brilho forte das que conseguem aparecer.
Se os dias de outono são os mais bonitos do ano, as noites de outono são mais bonitas ainda, e melhores.
Se alguém puder ver a lua cheia ao lado da pessoa amada, ouvirá do vento manso passando na noite que a felicidade existe e que ela é possível.
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