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Os telefones celulares com covid

Não há mais dúvida nenhuma, é ciência aplicada, não é empirismo, constatação prática, observação de gente atenta andando pelas ruas da cidade. Não, é constatação estatística, prova de laboratório.

Os telefones celulares estão com covid19. Foram atingidos pela pandemia e, como não tem prazo para serem vacinados, estão fazendo o que podem para tentar escapar da praga do século, mas como têm pouco sucesso e dependem da mobilidade incerta dos proprietários, vão do jeito que vão, funcionado cada vez pior, até porque não têm outra opção.

Se a covid19 é brutal e cruel com os humanos, não há razão para não ser cruel e brutal com os telefones celulares. Ela é. E cobra seu preço dos aparelhos e das linhas.

As operadoras não sabem o que fazer, mas também não pedem desculpas. Enquanto isso, os telefones não falam, as ligações não completam e, quando completam, as linhas caem.

Não é este ou aquele, esta operadora ou aquela. A verdade é que todas estão na chuva sem galocha. A vaca vai pro brejo, chova ou faça sol.

No meio da conversa a linha cai, invariavelmente, no momento mais importante da discussão. Cai e faz que chama, mas não chama, como se alguém estivesse ligando e a conversa nunca tivesse existido.

É o samba do urubu malandro, fama injusta, mas que a ave carrega. Não tem o que fazer, o improviso faz parte da dança. E é aí que mora a graça. Urubu é bicho feio, tem pena até no joelho.

As linhas de celular dançam que nem os urubus. Falam e “desfalam” com a improvisação do destino ou a aleatoriedade das bolinhas das roletas.

O quadro é dramático. A covid19 está correndo solta, os celulares não têm vacina e as operadoras não querem ajudar. A verdade é que não há luz no fim do túnel. Seu celular vai continuar ruim.

 

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.