Os telefones celulares com covid
Não há mais dúvida nenhuma, é ciência aplicada, não é empirismo, constatação prática, observação de gente atenta andando pelas ruas da cidade. Não, é constatação estatística, prova de laboratório.
Os telefones celulares estão com covid19. Foram atingidos pela pandemia e, como não tem prazo para serem vacinados, estão fazendo o que podem para tentar escapar da praga do século, mas como têm pouco sucesso e dependem da mobilidade incerta dos proprietários, vão do jeito que vão, funcionado cada vez pior, até porque não têm outra opção.
Se a covid19 é brutal e cruel com os humanos, não há razão para não ser cruel e brutal com os telefones celulares. Ela é. E cobra seu preço dos aparelhos e das linhas.
As operadoras não sabem o que fazer, mas também não pedem desculpas. Enquanto isso, os telefones não falam, as ligações não completam e, quando completam, as linhas caem.
Não é este ou aquele, esta operadora ou aquela. A verdade é que todas estão na chuva sem galocha. A vaca vai pro brejo, chova ou faça sol.
No meio da conversa a linha cai, invariavelmente, no momento mais importante da discussão. Cai e faz que chama, mas não chama, como se alguém estivesse ligando e a conversa nunca tivesse existido.
É o samba do urubu malandro, fama injusta, mas que a ave carrega. Não tem o que fazer, o improviso faz parte da dança. E é aí que mora a graça. Urubu é bicho feio, tem pena até no joelho.
As linhas de celular dançam que nem os urubus. Falam e “desfalam” com a improvisação do destino ou a aleatoriedade das bolinhas das roletas.
O quadro é dramático. A covid19 está correndo solta, os celulares não têm vacina e as operadoras não querem ajudar. A verdade é que não há luz no fim do túnel. Seu celular vai continuar ruim.
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