Luz do mundo
O gostoso nesta vida é andar pra frente. Ver a luz brilhando no fim do caminho e saber que não é um trem saindo do túnel, feito louco e disposto a nos atropelar.
O bom é andar pra frente, deixar os caranguejos de lado, porque são eles que gostam de fazer que vão, para se esquivarem e não irem.
A vida é uma só. Pega leve e pega pesado, mais dia, menos dia. Não tem como ser diferente e nem sempre as coisas boas e as ruins dependem da gente. Aliás, na maioria das vezes, ninguém faz nada de propósito para ser ruim.
Errar é humano, o que dói é ver o erro se repetir e repetir, até o infinito.
Um escritor inglês dizia que na vida há sempre um que ama e outro que se deixa amar. É verdade. Raramente as pessoas dão na mesma medida que recebem. E isso é triste, porque um belo dia acordam, e estão sozinhas, enterradas nas lembranças do que receberam, mas sem mais nada, exceto um gosto amargo travando a boca.
Do lado de fora, nenhuma mão se estende. Nenhum olhar sorri, nem uma boca perdoa.
Resta a solidão do presente sem futuro. A luz baça que ainda ilumina a tarde de ontem e um cinza triste marcando cada curva, mas apagando os passos que até pouco tempo caminhavam juntos.
A arte de viver é uma arte complexa. Não basta gostar, não adianta simplesmente achar que estar ao lado é estar presente. Estar junto é muito mais, por isso estar junto é bom, mas assusta.
___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.