“Vai querer”

Para vários amigos, o grande momento do Iate Clube de Santos foi de 1966 até 1980. O clube ainda era pequeno. Foi nessa época que construíram a piscina. Os barcos ficavam atracados numa única bacia. E depois, numa outra, construída atrás da primeira.

Foi a época da Tiche, da Charmutinha, do Albardon, do Sueste, da Marfa e do Adriana. Foi uma época de muita aventura e pouco juízo. Nós saíamos barra a fora, muitas vezes com tempo ruim e barco impróprio, o que, com certeza, não era inteligente. Mar não tem beirada.

Mas, mais do que tudo, foi a época da “Vai Querer”. A “Vai Querer” era a lancha do Zé Cássio. Uma “Carbras Mar” de 17 pés, com rabeta Volvo, que aceitava peças de Opala e de caminhão Scania.

Com a “Vai Querer”, cruzamos de várias formas parte do litoral paulista, saindo e voltando do Iate Clube de Santos. O pai do Zé Cássio tinha um apartamento nos boxes do clube. Então, para ganhar tempo e sair cedo, ficávamos lá. O café da manhã era queijo quente na França e Coca-Cola. Comíamos e partíamos. O rumo variava, mas, na maioria das vezes, quebrávamos à esquerda, na direção da Barra de Santos e depois o mar.

A “Vai Querer” nos levou a destinos como a Laje de Santos, viagem improvável para uma lancha como ela. Mas a viagem que define o espírito da “Vai Querer” foi a vez que saímos o Zé Cássio, o Vavá Lerro e eu para mergulhar nas “Ilhas”, em frente da Barra do Saí. Chegamos e desembarcamos. A ideia era passar alguns dias na praia deserta. Mas um hipotético ataque de morcegos nos fez retornar ao barco. E isso foi só o começo. De lá, navegamos para o Guaratuba, grande pesqueiro de robalos, onde os do Val tinham casa. Depois de confraternizar, tocamos de volta para o clube, onde a viagem ainda levou alguns dias até acabar.

Inesquecível e grande “Vai Querer”, saudades do seu tempo mágico!

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