Palha no lugar de capim
Pouca coisa é mais triste do que ver os campos secos, o capim transformado em palha, as lavouras atrofiadas. E é isso que nós vemos quando viajamos pelo interior de São Paulo. Fazia tempo que eu não via tudo tão seco como está este ano.
O mais complicado é que o capim seco chega na beira das estradas. Então, uma faísca, uma bituca jogada pela janela é suficiente para causar um incêndio que pode tomar grandes proporções.
Amigos e conhecidos amargam prejuízos de vulto pela perda parcial ou mesmo total da safrinha, normalmente de milho, que deveria estar em plena função, mas que, por causa da seca, minguou e não deu em nada, ou quase nada, nas espigas raquíticas confirmando a força da estiagem.
Os rios estão baixos, os reservatórios estão baixos, os açudes estão baixos e a falta d’água é a constante no território do Estado. Não chove faz tempo e não tem nada que indique que a pouca chuva que deve cair tenha a mais remota chance de mudar o quadro.
Chuva mesmo, se prevalecer alguma lógica nas condições do tempo, deve ser para depois da primeira quinzena de setembro. Até lá, a tristeza só deve aumentar, com tudo de feio e de triste que a vegetação seca espalha.
Fazia tempo que não secava como secou este inverno. A toada estava mais ou menos definida pelo que aconteceu nos últimos anos. A chuva diminuiu regularmente e este ano não está sendo diferente, ao contrário, choveu menos ainda.
La Niña, ou El Niño, tanto faz o fenômeno, o fato é que as mudanças climáticas estão mudando a realidade nacional e São Paulo, que, entre secos e molhados, sempre se saiu mais ou menos bem, está seco como um deserto, com a agravante que a vegetação seca que cobre o solo tem tudo para pegar fogo rapidamente. E o pesadelo está longe do fim.
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