Pressione enter para ver os resultados ou esc para cancelar.

Palha no lugar de capim

Pouca coisa é mais triste do que ver os campos secos, o capim transformado em palha, as lavouras atrofiadas. E é isso que nós vemos quando viajamos pelo interior de São Paulo. Fazia tempo que eu não via tudo tão seco como está este ano.

O mais complicado é que o capim seco chega na beira das estradas. Então, uma faísca, uma bituca jogada pela janela é suficiente para causar um incêndio que pode tomar grandes proporções.

Amigos e conhecidos amargam prejuízos de vulto pela perda parcial ou mesmo total da safrinha, normalmente de milho, que deveria estar em plena função, mas que, por causa da seca, minguou e não deu em nada, ou quase nada, nas espigas raquíticas confirmando a força da estiagem.

Os rios estão baixos, os reservatórios estão baixos, os açudes estão baixos e a falta d’água é a constante no território do Estado. Não chove faz tempo e não tem nada que indique que a pouca chuva que deve cair tenha a mais remota chance de mudar o quadro.

Chuva mesmo, se prevalecer alguma lógica nas condições do tempo, deve ser para depois da primeira quinzena de setembro. Até lá, a tristeza só deve aumentar, com tudo de feio e de triste que a vegetação seca espalha.

Fazia tempo que não secava como secou este inverno. A toada estava mais ou menos definida pelo que aconteceu nos últimos anos. A chuva diminuiu regularmente e este ano não está sendo diferente, ao contrário, choveu menos ainda.

La Niña, ou El Niño, tanto faz o fenômeno, o fato é que as mudanças climáticas estão mudando a realidade nacional e São Paulo, que, entre secos e molhados, sempre se saiu mais ou menos bem, está seco como um deserto, com a agravante que a vegetação seca que cobre o solo tem tudo para pegar fogo rapidamente. E o pesadelo está longe do fim.

___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: SpotifyGoogle Podcast e outras.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.