Incêndios criminosos
Não bastam os incêndios naturais, o Brasil ainda é palco de incêndios criminosos. Todos os anos, nos meses secos, incêndios decorrentes de um raio ou de uma faísca queimam pastos, campos e florestas. Sempre foi assim e continuará a ser, pelos próximos anos e os outros que virão depois.
A natureza tem seus ritos e ritmos. Os incêndios florestais fazem parte da história do Brasil, da mesma forma e com mais verdade que o fogo ateado pelo ser humano, desde muito antes do primeiro europeu aportar na terra.
O europeu aprendeu com o nativo. A melhor forma de se abrir uma roça é tocar fogo na mata, incendiar o campo e aproveitar as cinzas como adubo para a primeira safra e quem sabe mais duas ou três.
Depois, a erosão come o solo, a terra empobrece, perde a fertilidade, e o jeito é tocar em frente, em busca de outro chão para ser queimado e plantado, nas coivaras cíclicas que desde sempre castigam o solo nacional.
Durante séculos o Brasil ardeu em pequenas roças e em grandes empreitadas. O que acontece na Amazônia é a repetição monótona e estúpida da tradição que desde sempre abriu a terra a poder de fogo.
Mas mais estúpido ainda é alguém soltar um balão com o tempo seco, como o que vamos vivendo agora. O energúmeno não está ao menos abrindo a terra, está simplesmente ateando fogo, como acaba de acontecer nos Parques do Japi e do Juqueri, os dois próximos de São Paulo.
Imensas áreas foram devoradas pelo fogo ateado pela mecha acesa de um balão que caiu em algum lugar ermo e espalhou as chamas com ferocidade, no ritmo da vegetação seca e na velocidade do vento.
O que leva alguém a soltar balão num momento como este é tão sem sentido e estúpido como deixar uma fogueira acesa depois de um piquenique no campo. Mas tem quem faça e, ainda por cima, acha graça.
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