Pressione enter para ver os resultados ou esc para cancelar.

Incêndios criminosos

Não bastam os incêndios naturais, o Brasil ainda é palco de incêndios criminosos. Todos os anos, nos meses secos, incêndios decorrentes de um raio ou de uma faísca queimam pastos, campos e florestas. Sempre foi assim e continuará a ser, pelos próximos anos e os outros que virão depois.

A natureza tem seus ritos e ritmos. Os incêndios florestais fazem parte da história do Brasil, da mesma forma e com mais verdade que o fogo ateado pelo ser humano, desde muito antes do primeiro europeu aportar na terra.

O europeu aprendeu com o nativo. A melhor forma de se abrir uma roça é tocar fogo na mata, incendiar o campo e aproveitar as cinzas como adubo para a primeira safra e quem sabe mais duas ou três.

Depois, a erosão come o solo, a terra empobrece, perde a fertilidade, e o jeito é tocar em frente, em busca de outro chão para ser queimado e plantado, nas coivaras cíclicas que desde sempre castigam o solo nacional.

Durante séculos o Brasil ardeu em pequenas roças e em grandes empreitadas. O que acontece na Amazônia é a repetição monótona e estúpida da tradição que desde sempre abriu a terra a poder de fogo.

Mas mais estúpido ainda é alguém soltar um balão com o tempo seco, como o que vamos vivendo agora. O energúmeno não está ao menos abrindo a terra, está simplesmente ateando fogo, como acaba de acontecer nos Parques do Japi e do Juqueri, os dois próximos de São Paulo.

Imensas áreas foram devoradas pelo fogo ateado pela mecha acesa de um balão que caiu em algum lugar ermo e espalhou as chamas com ferocidade, no ritmo da vegetação seca e na velocidade do vento.

O que leva alguém a soltar balão num momento como este é tão sem sentido e estúpido como deixar uma fogueira acesa depois de um piquenique no campo. Mas tem quem faça e, ainda por cima, acha graça.

 

___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: SpotifyGoogle Podcast e outras.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.