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Ninguém tira a democracia do peito do brasileiro

Quando se fala em democracia, é necessário, antes de tudo, a contextualização do tema no tempo e no espaço. A palavra é de origem grega e define o regime político de Atenas, onde, numa população de mais ou menos duzentos e cinquenta mil habitantes, apenas quarenta mil, os cidadãos atenienses, votavam. Os demais eram escravos ou metecos, os estrangeiros que habitavam na cidade, mas não tinham direito ao voto, nem de participar do governo. Além disso, as mulheres atenienses, maravilhosamente retratadas na música de Chico Buarque, também não tinham direitos políticos.

Entre as democracias modernas, a mais exuberante é a norte-americana, o que não significa que Portugal não seja uma democracia, ou a Alemanha, ou a Suécia. E todas são diferentes entre si, como são diferentes a Grã-Bretanha e a Itália.

Desde sua independência o Brasil é uma democracia. Não só uma democracia, mas uma democracia parlamentarista durante o longo período dos dois imperadores, que deu liga ao país atual, ainda que com todas as mazelas e defeitos que ao longo da república atrapalharam a vida da nação.

O apavorante é que tem gente que pretende resgatar as ditaduras de Getúlio Vargas e do Regime Militar. Só pode ser porque eles não sabem do que falam. A maioria dos simpatizantes dos regimes de força não conhecem a história, nem sabem o que foram esses momentos.

Muitos não pensam muito, gritam, o que os impede de entender que, se estivessem numa ditadura, não poderiam falar e muito menos praticar as tolices que eles imaginam que são novidades maravilhosas, mas que, no passado, desaguaram no nazismo e no comunismo. Eles não entendem que os brasileiros têm a democracia no sangue. Desde a primeira vila fundada no país, em 1532, o voto faz parte da nossa vida.

 

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.