A esperança tem razão de ser

O mundo está bruto, boçal, sem graça e cruel. As cenas devastadoras acabam com qualquer inspiração, vontade de acreditar, de tocar em frente e imaginar que pode ser bem-feito.

As bombas que matam pessoas que não têm nada com isso não deixam. Os malucos que metralham crianças dentro de escolas não deixam. Os alucinados que atiram aviões contra prédios não deixam. Os sequestradores que torturam suas vítimas no cativeiro não deixam. Os assassinos que matam vítimas desarmadas e rendidas pelo prazer de atirar não deixam.

Os que negam a pandemia e as medidas cientificamente provadas não deixam. Os que não se vacinam não deixam. Os que não usam máscaras nos ambientes fechados não deixam. Os políticos que distorcem os números da pandemia não deixam.

A poluição que come o planeta não deixa. O efeito estufa subindo aos céus em milhares de chaminés fumarentas não deixa. Os mares cheios de lixo não deixam. A falta de atenção com a vida não deixa.

Incêndios devastam enormes regiões, secas atingem continentes, animais de todas as espécies morrem de sede, queimados, por falta de comida.

O planeta dança conforme a música. Tempestades se abatem cada vez mais fortes sobre cidades indefesas. Furacões varrem áreas habitadas. Enchentes arrastam com elas sonhos e vidas.

A esperança claudica. Não tem o que fazer, o ser humano é louco ou inconsequente. Não tem o que fazer. Aí lemos que uma equipe multidisciplinar reconstruiu o casco de um jabuti queimado nos incêndios do Pantanal e o enfoque muda. Vemos o concerto de Paris e tudo muda. Vemos a vida das pessoas comuns e tudo muda. O ser humano tem jeito.

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