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Pra fazer o mundo melhor

Será que pra fazer o mundo melhor e conhecer a felicidade é preciso ganhar rios de dinheiro? Será que a melhora do mundo – e a nossa própria – só é possível dentro de um cenário onde a matéria se sobrepõe ao espírito?

Será que não está tudo de ponta cabeça e a realidade é exatamente o oposto?

Dinheiro é bom, faz bem a ajuda. Mas dinheiro é meio e fazer o mundo melhor e, dentro dele, encontrar a felicidade, é fim.

Como fazer de um simples meio a razão de ser, ou o próprio fim?

Uma vida melhor precisa de dinheiro. Um futuro melhor precisa de dinheiro. Uma velhice tranquila precisa de dinheiro. Educar os filhos e depois apoia-los custa dinheiro. Comprar remédio custa dinheiro, trocar de carro custa dinheiro. Ter um carro custa dinheiro…

Tudo isso é verdade e não sou eu que vou tapar o sol com uma peneira e dizer que ter dinheiro não é bom, nem ajuda.

Mas, a questão não é essa.

O que eu quero saber é se o dinheiro em si nos faz feliz. Se ele é essência, ou se é só uma ferramenta – com certeza das mais importantes, para nos auxiliar a encontrar a felicidade.

Num mundo maluco, onde os rótulos substituem as ideias e a humanidade se fantasia de rebanho – todos cordeiros, um atrás do outro, com as mesmas marcas, as mesmas caras, o mesmo cabelo, sonhando com o mesmo carro e o mesmo apartamento quitado e, se Deus for bom… sabe-se lá mais o que, desde que exatamente igual a todos os outros iguais que todos sonham e que a televisão vende e que o outdoor realça e que o gingle reforça e que o jogador de futebol usa, ao lado de duas loiras burras que, de verdade, são muito espertas, porque usam o truque mais velho do mundo para mudar seu destino, será que em meio a tudo isso, ainda tem lugar para o espírito?

Será que dentro de nós ainda existe uma alma?

Eu tenho certeza que sim.

E está em nós não deixá-la morrer.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.