Ernesto José Albuquerque Raposo Tavares
Ernesto José Albuquerque Raposo Tavares não existe, mas poderia existir e seu apelido seria Ernê ou Totó, tanto faz, cada um chama seus amigos como quiser.
Ernê gosta de muitas coisas e não gosta de outras tantas. Entre as que não gosta, Ernê não gosta de sabiás cantando de madrugada, nem dos pombos que voam pela Praça da Sé.
Não me pergunte porque, mas a implicância tem lugar certo. Ernê não gosta dos pombos voando na Praça da Sé, os que voam na Praça da República não são assunto seu, então ele não liga, nem se queixa. E a regra vale para quase toda a cidade, com exceção dos pombos que vivem próximos do Largo da Batata. Ernê também não gosta deles.
Mas cada um tem suas cismas e manias. As de Ernê não são diferentes das de milhões de outros moradores da cidade e devem ser respeitadas, porque cada um sabe de si e escolhe o que gosta e o que não gosta.
Tem quem não goste de injeção, mas nem por isso deixa de tomar vacina contra covid19. E tem quem goste de injeção, mas não toma vacina contra covid19.
A democracia tem dessas coisas. Ela permite a liberdade de pensamento e o direito de viver de acordo com ele, desde que não faça mal aos outros.
Regra basilar é que a liberdade de cada um acaba onde começa a liberdade do outro. O problema é que isso anda meio esquecido. Boa parte das pessoas está convencida de que seu direito é mais certo do que a certeza dos outros ou, como apareceu escrito na parede do celeiro: todos os bichos são iguais, mas alguns são mais iguais do que os outros. É aí que mora nosso drama. Tem quem pense que a lei não vale para ele.
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