Senhora do Rosário

O largo da Paissandú já foi zona rica, com prédios finos em volta e cinemas de luxo levando para a região os famosos da época. Também já foi centro de boemia. É lá que fica o hoje já não tão famoso Ponto Chique, onde nasceu o Bauru, a grande contribuição do Brasil para os sanduíches do mundo.

Mas, como tudo em São Paulo, seu tempo passou. Atualmente os prédios finos abrigam escritórios pobres ou estão vazios. Os cinemas passam filmes eróticos, e até o Ponto Chique, que na hora do almoço ficava lotado, ainda tem gente, mas não chega perto do seu tempo de glória.

Bem em frente do bar e restaurante , no centro da praça, fica uma igreja única na cidade de São Paulo. Igreja pequena, feia, pobre, pintada de amarelo, meio suja, a igreja de Nossa Senhora do Rosário, de verdade Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, é uma igreja muito especial pela sua história e pelos seus santos, especialmente Santa Edviges e Santo Expedito, dois santos fortes, invariavelmente invocados nos momentos difíceis.

A mais procurada é Santa Edviges, que tem o poder de socorrer os necessitados, até nas causas mais impossíveis. É por isso que em frente do seu altar, a esquerda de quem entra na igreja, tem sempre gente rezando, mesmo quando tem missa.

E é a fé que emana dos que vão lá pedir para os santos a ajuda que a vida lhes nega que dá para a igreja de Nossa Senhora do Rosário o seu caráter e a sua personalidade.

Mesmo pequena, mesmo pobre, ela tem majestade. Não a majestade distante, feita de orgulho e vaidade, mas a majestade simples e humilde que faz com que Nossa Senhora se destaque entre as mulheres.

A igreja de Nossa Senhora do Rosários dos Pretos, suja e mal tratada, no meio da miséria que cerca o largo do Paissandú, é um porto seguro que guarda o alívio para as dores do mundo. É a casa onde se abre o seio de Deus.

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