As azaleias
Podem dizer o que quiserem, as azaleias de São Paulo são um movimento e um momento único, um espaço diferente no cenário das cores do planeta, alguma coisa que merece ser vista porque faz parte daquele seleto grupo de floradas que mexem com os nervos, de tão bonitas que ficam.
As tulipas na Holanda, as hortênsias em Gramado, os campos de papoulas no oriente, as flores na primavera das cidades da Europa, a maravilha dos campos floridos nas primaveras do mundo, todos são deslumbrantes.
Mas, exceto em Gramado, onde as hortênsias proporcionalmente ocupam um espaço imenso, é duro ver uma única flor ter a dimensão das azaleias na cidade de São Paulo.
Não sei como estes arbustos começaram ser plantados, mas faz tempo, tanto que bairros da primeira metade do século 20 até hoje têm azaleias nos jardins.
Depois elas se espalharam e tomaram a cidade de assalto, sendo, quem sabe, mais numerosas até do que as quaresmeiras.
Enquanto as quaresmeiras são plantadas árvore a árvore, as azaleias são plantadas em renques, daí serem mais numerosas e terem uma florada mais impressionante, num tom de roxo diferente do das árvores da quaresma, como que feito para forçar a comparação e alguém definir o mais belo.
Mas se os vegetais são narcisistas e adoram humilhar os outros, em competições estapafúrdias, para nós humanos, espremidos no cinza duro e triste da cidade grande, cada florada é uma festa. Por isso, quanto mais eles brigarem, melhor pra gente.
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