O começo
Em 1.500 a grande prioridade da coroa portuguesa era as Índias. Depois de mais de meio século buscando o caminho marítimo que lhe desse acesso às riquezas orientais, finalmente, Vasco da Gama havia alcançado a terra das especiarias e, mais do que nunca, era necessário consolidar o poder lusitano naquela parte do mundo, sob o risco da falência do tesouro colocar em risco a própria sobrevivência do estado.
A descoberta da América por Cristóvão Colombo, num primeiro momento, foi vista como uma solução inteligente para afastar os espanhóis do grande objetivo português, sendo provável inclusive que D. João II tenha deixado o navegador genovês ter acesso aos seus roteiros, levando para Castela a proposta de alcançar as Índias pelo ocidente. Portugal sabia que isto não era possível.
Assim, a coroa não se preocupou de imediato com a descoberta espanhola. Mas o desenrolar dos fatos obrigou o rei D. Manoel a tomar medidas mais enérgicas, ainda que no começo, mais para dar uma satisfação ao mundo do que para ocupar sua parte no novo continente.
Cabral aportou no Brasil para descobrir oficialmente a terra, então já ameaça pelos franceses e pelos próprios espanhóis que começavam a se expandir pela América e que poderiam se instalar em solo que pelo tratado de Tordesilhas era português.
Mas se a coroa não tinha o Brasil entre seus principais objetivos, também não é verdade que deixou a terra completamente abandonada. A partir do descobrimento várias expedições foram enviadas para reconhecer e policiar o litoral. Chegando sempre pelo nordeste, via Pernambuco, Bahia, Cabo Frio e Angra dos Reis, os navios portugueses rumavam então para a fronteira sul, em Santa Catarina, de onde voltavam para um bom porto, que, pela localização privilegiada, rapidamente se desenvolveu, transformando-se no porto dos escravos, origem da vila de São Vicente, maior alfândega da colônia até 1560 e começo da história de São Paulo.
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