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Não somos os únicos

A maioria das aves é monogâmica, se junta uma única vez, ainda jovens, e tocam em frente até o fim da vida, unidas na missão de preservar a espécie, acasalando em cada temporada, com a obrigação de colocar na terra o maior número possível de filhotes, até porque parte deles não ultrapassará o primeiro ano de vida.

Mas a regra comporta exceções. Os albatrozes se divorciam. Não somos os únicos a ter comportamentos fora da curva, que imaginamos que são só nossos, mas não são.

O divórcio é um deles e matar o semelhante também. Antropofagia, normal na Idade Média europeia, também tem seus fãs no mundo animal. Leões matam filhotes de outros machos, os meigos hipopótamos não deixam barato e vários outros animais têm comportamento parecido com os nosso, como é o caso do tubarão branco, que, se demora para nascer, não hesita em furar a barriga da mãe a dentadas.

Varia apenas a forma, o objetivo alcançado é o mesmo. Nos dois matricídios a mãe morre, a mordidas ou a bala.

Os enormes albatrozes se divorciam. Os cientistas estudam seu comportamento há anos e têm tabulado o desempenho dos casais, que, como todos os casais, começam a vida achando que é para sempre, mas, no meio do caminho, enfrentam dificuldades que não conseguem superar.

A solução é o divórcio. Cada um segue seu rumo. Afinal, a felicidade pode estar logo ao lado, é tudo uma questão de procurar.

A principal causa do divórcio dos albatrozes é a baixa taxa de reprodução. Não dão conta do recado, então se separam. O importante é cumprir a missão natural. Com o ser humano é mais ou menos igual, mas nem sempre a separação acontece porque não conseguem reproduzir. Muitas vezes é o oposto: se separam porque não querem ter filhos.

 

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.