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Os flamboyants

Os flamboyants são árvores típicas das antigas fazendas paulistas. É rara a que não tem a estrada da chegada ou o terreiro com flamboyants plantados à margem.

São árvores de madeira mole. Por conta disso, quando éramos crianças e brincávamos nas árvores da fazenda, não era raro alguém cair porque o tronco em que estava montado quebrava.

Pelo nome, se vê que não são árvores nativas brasileiras. Vieram importados, para alegrar o verde das fazendas de café e depois de algodão, cana, laranja etc.

Os flamboyants ocupam lugar importante na roda das floradas da Capital. O fim do ano e janeiro são deles, ou deveriam ser. Este ano, os flamboyants não floriram com a riqueza com que costumam fazer. Não sei se foi medo da covid19, falta de chuva, crise no país, o fato concreto é que eles floriram, mas com menos empenho do que em outros anos, quando deram show e chegaram a fazer sombra aos ipês, pela fartura da florada vermelha, contrastando com a ramagem verde clara.

Enfim, cada um sabe de si. Se os flamboyants não floriram com força, há de haver os seus motivos, que devem ser respeitados, até porque ninguém sabe o que vai na alma do outro.

Voltando à infância, os flamboyants plantados na rua de entrada da casa da fazenda de meu avô Orlando eram deslumbrantes. Aliás, foi num deles, alguns anos atrás, quando a fazenda tinha se transformado em sítio, que minha irmã Leninha deu de cara com uma onça parda deitada num galho, com a cauda pendurada, balançando para um lado e para o outro.

Na rua da minha casa tem alguns flamboyants plantados. São lindos. Como crescem rápido e têm mais de meio século de idade, são encorpados e densos, mas este ano elas não nos deram suas flores.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.