Os flamboyants
Os flamboyants são árvores típicas das antigas fazendas paulistas. É rara a que não tem a estrada da chegada ou o terreiro com flamboyants plantados à margem.
São árvores de madeira mole. Por conta disso, quando éramos crianças e brincávamos nas árvores da fazenda, não era raro alguém cair porque o tronco em que estava montado quebrava.
Pelo nome, se vê que não são árvores nativas brasileiras. Vieram importados, para alegrar o verde das fazendas de café e depois de algodão, cana, laranja etc.
Os flamboyants ocupam lugar importante na roda das floradas da Capital. O fim do ano e janeiro são deles, ou deveriam ser. Este ano, os flamboyants não floriram com a riqueza com que costumam fazer. Não sei se foi medo da covid19, falta de chuva, crise no país, o fato concreto é que eles floriram, mas com menos empenho do que em outros anos, quando deram show e chegaram a fazer sombra aos ipês, pela fartura da florada vermelha, contrastando com a ramagem verde clara.
Enfim, cada um sabe de si. Se os flamboyants não floriram com força, há de haver os seus motivos, que devem ser respeitados, até porque ninguém sabe o que vai na alma do outro.
Voltando à infância, os flamboyants plantados na rua de entrada da casa da fazenda de meu avô Orlando eram deslumbrantes. Aliás, foi num deles, alguns anos atrás, quando a fazenda tinha se transformado em sítio, que minha irmã Leninha deu de cara com uma onça parda deitada num galho, com a cauda pendurada, balançando para um lado e para o outro.
Na rua da minha casa tem alguns flamboyants plantados. São lindos. Como crescem rápido e têm mais de meio século de idade, são encorpados e densos, mas este ano elas não nos deram suas flores.
___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.