As quaresmeiras chegaram
As quaresmeiras chegaram e chegaram com tudo. Este ano desabrocharam cedo e vão dando o tom na mata e na cidade. Quem viaja pela Serra do Mar não tem como não ficar deslumbrado com as árvores floridas se destacando no meio da mata cerrada. A cor viva de suas flores contrastando com o verde escuro e denso da floresta que cobre a serra.
As quaresmeiras não são árvores primárias, não fazem parte das gigantes da floresta, os ipês, as perobas, os jacarandás milenários que ainda sobrevivem escondidos em vales com cachoeiras, rios de águas transparentes, servindo de casa para as aves que voam protegidas pelas copas fechadas, que, além delas, escondem segredos que os antigos conheciam, mas que se perderam na passagem dos séculos e hoje são guardados pelos palmiteiros, que sabem da mata, mas não contam o que sabem, nem o que fazem.
Mas as quaresmeiras, sei lá se de propósito ou não, saíram da mata e tomaram a cidade e isso é ótimo para quem mora em São Paulo e tem a chance de, no começo do ano, deixar de lado o cinza duro dos muros e a impessoalidade dos escritórios para se perder nas cores das árvores floridas espalhadas por todos os cantos, embelezando a cidade.
Há quem defenda os ipês e eu entendo que seja assim. A florada dos ipês é mais longa. Afinal, são três floradas diferentes, uma depois da outra, uma de cada cor, atravessando alguns meses do ano.
Mas a florada das quaresmeiras, mais curta, mas mais densa, não fica atrás.
Eu não tenho partido, não sou a favor desta ou daquela, para mim todas as floradas que enfeitam São Paulo são deslumbrantes, cada uma do seu jeito. Só posso dizer que ver as quaresmeiras floridas enfeitando a serra e explodindo suas cores na cidade faz bem pra alma.
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