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A flor do meu bem querer

Eu gosto de teatro. A vida inteira gostei e pretendo continuar gostando até não poder mais sair de casa para assistir uma boa peça. É paixão antiga. A primeira peça que eu assisti, menino, levado pelos meus pais, foi Édipo Rei, com Paulo Autran. E tive o privilégio de aprender muito com dois especialistas no tema, Alfredo Mesquita e Paulo Mendonça.

Por isso, depois de dois anos de pandemia, foi mágico assistir “A Flor do meu Bem Querer”, de Juca de Oliveira, no Teatro Frei Caneca.

A peça é muito mais do que uma nova montagem do sucesso levado ao palco em 2003. Juca de Oliveira reescreveu o texto, atualizou a história, trouxe a crueza, o cinismo e a hipocrisia do Brasil político para o cenário apavorante do Brasil de 2022. Muito pior do que o país de 20 anos atrás.

Aristóteles escreveu sobre o riso. O riso é a maior arma contra a prepotência, a violência, o autoritarismo, a estupidez e a falta de caráter que marcam os salvadores da pátria, reais ou fajutos, que empesteiam o mundo.

O riso derruba, sem violência, o déspota cruel, não porque o riso tem o poder de destruir, mas porque tem o poder de expor o ridículo e a falta de seriedade das pessoas que se dizem muito sérias.

“A Flor do meu Bem Querer”, com uma graça leve, baseada em chavões brasileiros, atinge seu objetivo. A peça mostra o patético e o ridículo dos nossos grandes homens públicos e a esperteza do cidadão diante deles.

Juca de Oliveira é dos maiores nomes do teatro brasileiro. Em mais de 60 anos de carreira, entregou seu enorme talento para os palcos e brilhou como os grandes merecem brilhar. Com quase 87 anos de idade, ele dá uma aula de interpretação, em cima de um texto delicioso.

Na companhia de Rosi Campos, Leo Stefanini, Nilton Lima, Juliana Araripe, Natalia Rodrigues e Daniel Warren, Juca de Oliveira dá uma aula de teatro e garante uma noite muito especial.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.