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Nós estamos todos loucos

A cada dia que passa eu me convenço que nós estamos todos loucos e que não há exceções para confirmar a regra.

A regra é ampla geral e irrestrita, admitindo apenas variações nas formas e graus de loucura; no mais, vivemos numa enorme democracia, onde a demência é o ponto comum.

Claro que esta regra só vale para quem mora em são Paulo. Pode ser que ela se aplique aos habitantes de outras regiões também, mas, no presente caso, estou falando da cidade de Anchieta, e dos desdobramentos que, com certeza jamais foram vagamente sonhados por Nóbrega ou por ele, correndo as coisas como deveriam correr, isto é fora de controle, por conta da anarquia histórica que faz de são Paulo uma cidade única, com traços esquizofrênicos desde a época de sua fundação.

Mas, se, no passado, a cidade era louca, esta situação progrediu para outra realidade, onde a menos louca é ela, ficando os casos mais graves por conta de seus moradores.

Uma simples olhada para o lado, nas suas ruas, é suficiente para não deixar dúvidas quanto a sanidade mental dos mais diversos tipos, todos capazes de cometerem barbaridades inimagináveis, até estarem concluídas.

O cartão postal, o paradigma é o trânsito. O que os motoristas fazem, faz com que o diabo tenha medo de andar nas calçadas, deixando a área para as almas que ele quer levar logo, por atropelamento ou infarto.

Tem gente que vai dizer que não tem nada com isto, ou porque não dirige, ou porque é bem comportada. Não duvido, nem discuto, apenas gostaria de lembrar que existem dois tipos de loucos os ativos e os passivos. Os que fazem e os que aguentam o que os outros fazem, e que ninguém até hoje soube definir qual deles é o mais louco.

Morar aqui, cercado de cinza, estressado, mal pago, sem saber se vai chegar ou sequer se vai sair, por si só já é um enorme atestado de loucura.
O agravamento do quadro fica por conta do cotidiano, que nos faz, impensadamente, fazer coisas das quais até deus dúvida.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.