As chuvas vão aumentar
As chuvas vieram, viram e venceram. Todos os anos é a mesma coisa. Só varia o lugar e a intensidade. No mais, as enchentes, os deslizamentos, os desmoronamentos, a destruição e a morte são os mesmos. Aqui ou lá, tanto faz, a dor é dura e bate forte, na morte do ente querido, na destruição do que tinham e não reconstruirão de novo. Na ausência, dois dias depois, das autoridades que falam muito e fazem pouco.
Verão depois de verão a cena se repete. Varia o lugar. Este ano foi em São Paulo, o outro no Rio, o terceiro na Bahia, o quarto em Minas Gerais e o quinto em todos juntos.
Algumas vezes, poucas, o evento é uma surpresa. Na maioria se sabe o final da história, que ela é feia e triste e que no ano seguinte irá se repetir.
Vai chover, vai ventar, vai ter enchente transformando ruas em rios, rios aumentando a violência das águas nas ruas, imóveis inundados, destruídos, tudo perdido e gente morta, infelizmente, gente morta.
Não é escolha, é necessidade. Ninguém mora onde as águas se espalham porque gosta, ninguém mora na encosta que pode descer porque gosta, ninguém mora embaixo de rochas enormes e que podem cair porque gosta.
Infelizmente, na vida, nem sempre a gente faz o que gosta. A urbanização é cruel, especialmente com os mais pobres. Resta a eles ocuparem os espaços de alto risco, as regiões onde a vida é incerta.
O duro é que todos os estudos mostram de forma clara que a situação vai piorar, que as chuvas serão mais intensas, que as enchentes serão mais fortes, que os deslizamentos de terra devem aumentar. Que a tragédia vai mudar de patamar. E para pior…
Mas ninguém faz nada, apesar de todos saberem que vai dar pau. Político se preocupa com o bem-estar do político, o povo que se dane.
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