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Os marcos

As marés têm ciclos rápidos que se refazem e se revezam duas vezes por dia. São puxadas pela lua, que muda todas as semanas, fazendo as mulheres terem seus ciclos uma vez por mês.

Tudo na natureza cumpre termos, cumpre metas, até cumprir sua passagem e acabar servindo de base para outras vidas que se iniciam, começando um novo ciclo que é o círculo eterno da evolução do universo e o círculo menor do crescimento da vida.

Cada ciclo deixa sua marca. Umas mais fortes outras mais fracas, umas mais longe, outras mais próximas, mas todas, todas, representando alguma coisa que nasceu, cresceu, envelheceu, cumpriu seu ciclo e morreu.

Na conturbada história do homem os ciclos são vistos nos grande monumentos que desde o Egito marcam na terra a sua passagem. São estes mesmo monumentos que servem para dar a exata dimensão da nossa insignificância e da nossa transitoriedade: quem pensa em Quéops? Quem se lembra da rainha morta do TAJ MAHAL?

Os ciclos vem e vão como as flores se sucedem ao longo do ano, enfeitando o cinza triste e trágico da cidade alucinada.

O que seria de São Paulo sem suas flores, sem seus marcos, sem seus ciclos?
Como saber que o verão está acabando e que é hora da penitência da quaresma, sem as flores das quaresmeiras que inundam as encostas das avenidas e as calçadas das ruas?

Como saber do outono e da delícia do seu céu sem o aviso deslumbrante das flores das paineiras? E o que seria de nós nos invernos frios e úmidos, sem a alegria dos ipês? Como imaginar a primavera sem antes ver as azaleias?

 

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.