O adensamento do paliteiro
O que parecia improvável está acontecendo. Estão conseguindo adensar o paliteiro chamado São Paulo. Para qualquer lado que se olhe, os novos prédios estão subindo em velocidade alucinada.
Onde ontem tinha um posto de gasolina, hoje tem um terreno cercado e amanhã as obras de um novo prédio já estarão visíveis por cima do tapume para proteger a obra.
Em volta do metrô do Butantã a rapidez assusta. Dez anos atrás, a região era um descampado, com casas mais ou menos organizadas. Hoje, prédios gigantes estão tomando seu lugar e das antigas casas sobra muito pouco, em alguns lugares em que não se pode construir prédios ou as negociações por alguma razão emperraram.
Quem conhece a Avenida Rebouças e acompanha sua história nos últimos cinquenta anos fica apavorado com o que está acontecendo. Dezenas de novos edifícios, um mais alto do que o outro, estão tomando suas margens. Aos poucos, seus horizontes vão se encolhendo e o trânsito, que nunca foi bom, está piorando a olhos vistos, primeiro porque, com a pandemia, a CET sumiu e não voltou, e, depois, porque os novos edifícios começam a ser ocupados, com milhares de novos moradores interagindo no corredor acanhado, onde também pintaram faixas para bicicletas.
A Barra Funda é quase redundância. Já faz alguns anos que a região foi tomada de assalto pelas incorporadoras e construtoras. Mas o ritmo segue frenético e dezenas de novas torres podem ser vistas na região.
E quem quer mais, tem e tem de sobra! Nos entornos da Vila Mascote, os prédios vão sendo construídos a ritmo de “carabinieri” marchando em desfile pelas ruas de Roma.
Pode mais quem chora menos. O paliteiro adensado não tem volta. Mais uma vez, São Paulo muda de cara, indiferente ao que pensam os que entendem e os que não entendem.
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