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Lygia Fagundes Telles virou estrela

O mundo perdeu uma de suas mulheres mais inteligentes. A língua portuguesa perdeu uma de suas escritoras mais brilhantes. O Brasil perdeu uma de suas patriotas mais aguerridas. A democracia perdeu uma batalhadora incansável. A literatura perdeu sua grande dama. A família diminuiu. E os amigos perderam uma pessoa extraordinária, viva, sagaz, rápida, divertida, com senso de humor e dona de uma enorme lealdade.

A morte de Lygia Fagundes Telles empobrece a Terra. Deixa mais triste os que gostam de ler, os admiradores da escritora maravilhosa, com certeza, uma das maiores contistas do planeta, em todas as línguas, em todos os tempos.

A intelectual fina, capaz de criar o inimaginável, de surpreender com o avesso do inesperado, de escrever como se contasse uma história de criança, de conduzir o leitor no ritmo de suas linhas, partiu. Saiu de cena aqui na Terra para entrar pelos portões do paraíso.

Agora Lygia é estrela de primeira grandeza na constelação mais distante, mas se transforma em cometa e nos visita cada vez que pensamos nela, na mulher diferente, na pessoa especial, na amiga querida.

Lygia era amiga de seus amigos como só as pessoas que se entregam completamente podem ser. E era linda na forma de amar quem ela amava, os amigos, as netas, as memórias e a vida.

Lygia fazia parte da minha infância. Era amiga de meu pai e de meus tios, especialmente Alfredo Mesquita, na casa de quem a conheci.

A primeira vez que conversei longamente com ela foi na cozinha da casa de tio Alfredo, na madrugada do seu velório. Depois nos habitamos a nos encontrar na casa do poeta Paulo Bomfim e na

Academia Paulista de Letras. Lygia era poesia talhada em carne e espírito. Se a escritora permanece na obra monumental, a amiga fica na lembrança e na saudade.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.