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Chuvas depois da hora

O limite para as chuvas de verão que sempre caíram no sul e no sudeste era fins de março. As águas de março eram as últimas a despencarem do céu e, quem sabe por isso, quando vinham, vinham com força total, destruindo e matando em todos os cantos.

Foi assim durante décadas e, por que não, durante séculos, mas agora parece que não é mais. Este ano nós já estamos em maio e as chuvas continuam caindo com a força das chuvas de verão, que deveriam ter ido embora, mas, pelo jeito, não foram.

As mudanças climáticas estão aí e quem acha que o Brasil é privilegiado porque não tem catástrofes naturais está sentindo na pele que não é bem assim, que as coisas podem ficar feias. Basta São Pedro não gostar de alguma coisa que nós fizemos.

Tem explicação a favor e contra para mostrar que o que está acontecendo é normal e está dentro do previsto, se é que alguma coisa ainda pode ser prevista, depois que o clima decidiu mudar de vez, sem pedir licença para ninguém.

Chove quando dá na veneta do tempo e chove muito ou chove pouco dependendo do humor das forças transcendentais que governam ou desgovernam o planeta.

Parece que o São Paulo Futebol Clube tem forte influência no andar da carruagem. Que o time vencer ou perder pode resultar em tempestades ou garoas, com a sem cerimônia dos grandes movimentos da terra.

Como ninguém tem certeza de nada, o melhor é fazer de conta que está tudo certo, que é assim mesmo e que tanto faz chover ou não chover.

É evidente que não tanto faz, mas deixar o senhor das chuvas contente pode ser um caminho para as chuvas torrenciais pararem. E elas pararem é tudo que precisamos para diminuir as tragédias.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.