Cem anos dos Dezoito do Forte
O Estadão publicou uma série muito bem-feita sobre os cem anos da revolta conhecida como “Os 18 do Forte”. Em 1922, um grupo de tenentes, numa ação que deveria ser maior, tomou o Forte de Copacabana com a intenção de derrubar o governo.
Acontece que o governo monitorava os movimentos dos rebeldes e, se antecipando a eles, impediu que outras guarnições do Rio de Janeiro se rebelassem e aderissem ao golpe.
O resultado foi a cena heroica, em que os militares rebeldes, depois de permitirem a saída dos soldados que não se sentiam confortáveis dentro da fortaleza e que não queriam participar da revolta, deixaram o forte e seguiram pela rua armados com fuzis e revólveres.
O tiroteio comeu solto e, depois de uma carga de baionetas, os rebeldes foram subjugados pelas tropas do exército, fiéis ao Presidente da República.
O comandante da revolta foi o Tenente Siqueira Campos, o mesmo que dá seu nome ao Parque Trianon, na Avenida Paulista. Ele e o então tenente Eduardo Gomes sobreviveram ao tiroteio e tiveram importante participação nos acontecimentos que vieram depois, na cola do movimento desesperado dos “18 do Forte” de Copacabana e que desenharam a história do Brasil nas décadas seguintes, justificando diferentes levantes das forças armadas, como se fosse a única solução para nossos problemas.
Como primorosamente colocado pela professora Maria Celina D’Araujo, os tenentes foram glamourizados pela história e se tornaram heróis do progresso e da democracia. Na prática, não foi isso o que aconteceu, ao contrário, seu movimento sempre teve cunho intervencionista e antidemocrático. Quanto ao progresso, os paulistas fizeram a Revolução de 1932 contra as ideias políticas dos tenentes e sua visão de Brasil.
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