Esqueça a placa
Nos Estados Unidos, sucesso e filantropia são reconhecidos e fazem diferença nas homenagens. Universidade Carnegie-Mellon, Universidade Rockfeller, Carnegie Hall, Mellon Collection, Universidade Kellogg.
É o reconhecimento da competência e da generosidade de pessoas que deram certo na vida, fizeram sua parte e não esqueceram o social. Que o digam os fundos das grandes universidades, generosamente abastecidos pelas contribuições de ex-alunos. E os museus, com obras de arte inigualáveis, doadas por milionários com olhar mais amplo que apenas a própria fortuna.
Quem for a Reims, na França, vai descobrir que uma das principais avenidas da cidade se chama John D. Rockfeller. O bilionário foi o principal responsável pela reconstrução da maravilhosa Catedral, bombardeada pelos alemães na Primeira Guerra Mundial.
Mas nós estamos no Brasil e aqui é tudo diferente. Aqui o sucesso é uma vergonha, dar certo, um absurdo, ser rico criminoso e doar ou contribuir com a sociedade, uma temeridade.
No Brasil, as placas existem para mudar de nome. Começando pelas placas de trânsito, que invariavelmente têm o nome do cidadão escrito errado, sem respeitar as regras mínimas do português e da lei.
Um bom exemplo é a Biblioteca feita na USP para abrigar a coleção doada por José Mindlin. O prédio, logo no começo, se chamava Biblioteca José e Guita Mindlin; agora se chama Biblioteca das “Brasilianas”. O grande colecionador, por mesquinharia ou inveja, foi apagado da placa.
É por isso que faz tempo que eu digo: se fizer, faça, mas não espere reconhecimento ou homenagem. No Brasil, quem pensa no social ou se destaca é apagado da história, a não ser que seja de esquerda. Aí até os mais medíocres são lembrados. É o Jango dando o nome ao Minhocão.
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