O quase fim de uma escola

O Liceu Coração de Jesus, depois de mais de cento e trinta anos de presença ininterrupta na vida da cidade, disse que ia fechar suas portas. A tradicional escola dos Campos Elíseos não dá mais conta do recado, não tem alunos suficientes para pagar sua manutenção e funcionamento.

É triste. O fechamento de uma escola é sempre uma diminuição do ser humano. É um lugar a menos para ensinar, para abrir novas portas para novos sonhos, dando-lhes a chance de romper barreiras e criar realidades.

Não é a primeira vez que uma escola fecha as portas em São Paulo ou em qualquer outro lugar do mundo. Nem tudo dura para sempre, ainda que o “para sempre” se reduzindo a poucos séculos, contrapostos a bilhões de anos, na semieternidade do universo.

Alguns colégios vão em frente, atravessam as décadas, passam pelos séculos, mas, num país como o Brasil, isso não acontece todo dia. Ao contrário, são poucos os estabelecimentos que dobram a curva do século.

O Liceu Coração de Jesus faz parte desse grupo. São mais de cento e trinta anos formando milhares de alunos, ano após ano, mantendo uma tradição, baseada na qualidade do ensino, que o fez conhecido na cidade.

Instalado no bairro dos Campos Elíseos, no seu início integrava o primeiro bairro planejado da cidade. Ao lado dos casarões dos barões do café, dos primeiros industriais, dos banqueiros, da elite paulistana.

Agora, está ao lado da Cracolândia. Com certeza sua localização tem muito a ver com a decadência e o fechamento de suas portas no começo de 2023. A deterioração dos Campos Elíseos espantou os moradores, os casarões viraram cortiços, a insegurança e a violência levaram as crianças para outras áreas da cidade.

Ainda bem que a prefeitura entrou em cena e, num contrato extraordinário, vai impedir o fechamento da escola.

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