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Em São Paulo ser racista é estúpido

Racismo é estúpido em qualquer lugar do mundo. Tanto faz continente, país, cidade, racismo é estúpido. Sem sentido, é a negação do óbvio: que todos nós viemos da África – tanto faz se alguém acha outra coisa, foi de lá que o homo sapiens saiu para ocupar o planeta.

Não existe raça pura ou raça impura, existem seres humanos feitos pela miscigenação de milhões de seres humanos em milhões de anos de encontros e desencontros, guerras, alianças, paz, conquistas, compra e venda, empréstimo, amor, ódio e o mais que faz duas pessoas ficarem juntas ou simplesmente fazerem sexo.

Nada é mais estúpido do que a pretensa superioridade do homem branco. Quando o Egito já era uma potência cultural, o europeu andava coberto de peles, armado com lanças de ponta de pedra. E quem salvou o conhecimento e a cultura da civilização grega foram os árabes, muito mais civilizados que os próprios gregos de seu tempo.

Se existe uma cidade em que falar de racismo é completamente sem sentido, para não dizer uma boçalidade sem tamanho, é São Paulo. São Paulo foi fundada ao lado da taba de Tibiriçá, sogro de João Ramalho, por indígenas e meia dúzia de brancos, portugueses e espanhóis, vários cristãos novos. Na sequência, surgem holandeses, mais índios, ingleses, franceses, negros, mais cristãos novos, alemães e até norte-americanos.

Mas a coisa toma vulto com a imigração. Daí pra frente, São Paulo é um enorme cadinho, um pote onde se misturam todas as raças, todas as cores, todas as religiões. Moram juntos, se casam, se misturam, fazem festa, mas não fazem guerra, não brigam entre si. Até os orientais entram na dança, criando um povo único, formado pela mistura de todos os povos, de todas as raças. São Paulo é o retrato do mundo sem preconceito, sem intolerância. Ser racista aqui é mais estúpido que nos outros lugares.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.