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O Brasil é um país muito rico

[Crônica do dia 15 de abril de 1997]

Dizem os entendidos que os países ricos do mundo são os chamados países do primeiro mundo, e que, infelizmente, o Brasil ainda não faz parte do grupo. de acordo com estes especialistas, neles a vida é mais rica e mais farta, com a saúde funcionando, com as escolas funcionando, com as faculdades formando gente razoavelmente competente e … com a violência e a criminalidade se parecendo com a nossa.

Criminalidade, violência, gangs. Quantas cidades norte-americanas estão patinando no mesmo lugar, assoladas pela ameaça constante da explosão social, reprimida na marra por um aparato de força que já não consegue segurar a tampa da caixa?

Pois é, quase igual aqui.

Mas nós levamos vantagem num dos capítulos mais importantes de todos: nós somos muito mais ricos do que eles, só que nós não sabíamos.

A verdade veio à tona depois do Proer e das intervenções do Banco Central no sistema financeiro nacional.

E a comparação é muito fácil: enquanto a França encontra dificuldades terríveis no seio da comunidade econômica europeia, para aportar cinco bilhões de dólares ao Credit Lyonnais, um dos maiores bancos do mundo, o nosso velho banco econômico vai chegando, sem a menor cerimônia, perto deste número; e o sisudo nacional já custou mais do que isto ao Proer.

Mas isto é só um pedacinho da nossa pujança. Bom é o Banco do Brasil que mesmo dando sucessivamente os maiores prejuízos da história bancária recente, com vermelhos de deixar o governo francês com vergonha do Credit Lyonnais e os ingleses ruborizados pela insignificância do rombo do Barings, continua como se nada tivesse acontecido, inclusive se metendo no que não é da sua conta, como a atividade seguradora.

Diante de dois quadros tão contraditórios como os nossos, onde dum lado o salário mínimo atinge a acachapante soma de cento e doze reais por mês, e de outro a incompetência custa bilhões de dólares, fica a pergunta: quem é que é rico, os ricos ou nós?

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.