O crime em alta
O assassinato frio e brutal de um cirurgião dentro do carro, ao lado do filho, por uma dupla de assaltantes choca a sociedade, mas não pode ser visto fora do contexto geral, em que a criminalidade cresce em todo o país e milhares de pessoas são assassinadas por motivos fúteis todos os anos.
A morte do cirurgião teve o condão, pela sua crueldade, de chamar a atenção para uma realidade que diariamente destrói a vida de centenas de pessoas e famílias, vítimas da violência que tomou conta do Brasil já faz muitos anos.
Se algum dia fomos o povo cordial, esse apelido não nos serve faz tempo. A boçalidade anda solta e crimes hediondos são cometidos diariamente, não um ou outro, mas centenas – de assassinatos a estupros, de roubos a tortura – pelas razões mais estúpidas possíveis, ou sem razão nenhuma, exceto a maldade do criminoso.
Mas tão ruim ou pior do que o próprio crime é a sensação de impunidade, que dá aos criminosos não a coragem, mas a liberdade para cometer os desatinos que cometem, muitas vezes incentivados pelos maus exemplos de autoridades que fazem ou falam o que não deviam, como se nada fosse sério ou tivesse consequências.
A polícia paulista tem investido pesado para melhorar seu desempenho e tentar reduzir a violência que corre solta. Mas ainda há um longo caminho a ser percorrido. O treinamento, a presença física, a inteligência precisam ser aprimorados. Isso leva tempo.
O problema é que só a polícia não consegue resolver a equação. Enquanto o Estado estiver ausente em áreas vitais da sociedade, enquanto cidadãos forem a jogos de futebol para brigar de graça, só as ações da polícia não serão capazes de mudar o quadro. A parada é séria. Ou todos acreditam e fazem sua parte ou vai ficar como está, se não ficar pior.
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