Pressione enter para ver os resultados ou esc para cancelar.

As cadeiras do avião

[Crônica do dia 21 de agosto de 2007]

Eu estou com o ministro da defesa: também quero cadeiras mais distantes uma das outras, dentro dos aviões. Eu sempre preferi um certo conforto à sensação de me sentir feito uma sardinha dentro de uma lata.

Tanto isso é verdade que enquanto teve Boing 707 voando da Europa para o Brasil, sempre voei neles, na classe econômica, mesmo sendo aviões mais velhos que os DC10 e 747, que voam até hoje. O espaço era de outro tamanho e as pernas agradeciam o desenho antigo.

Da mesma forma, tenho saudades dos velhos Electras que faziam a ponte aérea e que tinham um salão no fundo, onde originalmente ficava a cozinha, e onde gostava de voar, às vezes tomando um uísque, para encurtar mais o curto percurso entre São Paulo e Rio de Janeiro.

Mas acabaram com os Electras e com os Boeings 707. Em nome do progresso, vieram outros boeings e depois os Airbus, todos ótimos, muito seguros e cada vez mais apertados.

Então, como as passagens de baixo custo brasileiras custam mais caro do que as passagens normais das companhias de linha europeias e norte-americanas, nada mais lógico do que prestigiar o ministro e fazer coro ao seu pedido de mais espaço entre as cadeiras dos aviões.

Minha única dúvida vem da forma como o ministro explicou sua ideia. Segundo ele, como tem perto de um metro e noventa, com o espaço atual ele fica apertado, então nada seria mais lógico do que as cadeiras terem mais espaço.

É aí que está o risco de entrar numa canoa furada. Não ficou claro se a questão é a favor de todos os que ficam apertados ou só uma solução para ele.

Porque se for assim, nós estamos mal arrumados. Quem é que disse que o próximo ministro da defesa não terá apenas um metro e vinte centímetros?

___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.