As cadeiras do avião
[Crônica do dia 21 de agosto de 2007]
Eu estou com o ministro da defesa: também quero cadeiras mais distantes uma das outras, dentro dos aviões. Eu sempre preferi um certo conforto à sensação de me sentir feito uma sardinha dentro de uma lata.
Tanto isso é verdade que enquanto teve Boing 707 voando da Europa para o Brasil, sempre voei neles, na classe econômica, mesmo sendo aviões mais velhos que os DC10 e 747, que voam até hoje. O espaço era de outro tamanho e as pernas agradeciam o desenho antigo.
Da mesma forma, tenho saudades dos velhos Electras que faziam a ponte aérea e que tinham um salão no fundo, onde originalmente ficava a cozinha, e onde gostava de voar, às vezes tomando um uísque, para encurtar mais o curto percurso entre São Paulo e Rio de Janeiro.
Mas acabaram com os Electras e com os Boeings 707. Em nome do progresso, vieram outros boeings e depois os Airbus, todos ótimos, muito seguros e cada vez mais apertados.
Então, como as passagens de baixo custo brasileiras custam mais caro do que as passagens normais das companhias de linha europeias e norte-americanas, nada mais lógico do que prestigiar o ministro e fazer coro ao seu pedido de mais espaço entre as cadeiras dos aviões.
Minha única dúvida vem da forma como o ministro explicou sua ideia. Segundo ele, como tem perto de um metro e noventa, com o espaço atual ele fica apertado, então nada seria mais lógico do que as cadeiras terem mais espaço.
É aí que está o risco de entrar numa canoa furada. Não ficou claro se a questão é a favor de todos os que ficam apertados ou só uma solução para ele.
Porque se for assim, nós estamos mal arrumados. Quem é que disse que o próximo ministro da defesa não terá apenas um metro e vinte centímetros?
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