O cometa chegou
[Crônica do dia 29 de abril de 1997]
Hale -Bopp ou Hale-Bopp, tanto faz. O importante é que o cometa chegou, trazendo na luz fria da sua cauda brilhando no céu um mundo de esperanças, e de sonhos, e de tragédias potenciais, capazes de acabar com o mundo ainda antes do fim do milênio.
Astro mágico que corta o céu, desvendando os seus mistérios que ele guarda para si e não revela para ninguém. cavalo dos anjos que perderam as asas quando voaram perto demais do sol… linha encantada ligando nossos anseios aos átomos do infinito, como uma linha telefônica que nos coloca em contato com Deus.
Cometa. Simplesmente complexo e incompreensível. Gelo e rochas compostos para guiar os reis magos até as manjedouras todas que existem no céu para receber o filho do pai e trazer a redenção divina para os pecadores de todos os mundos.
Quando eu era menino eu li um livro de ficção científica em que o comandante duma nave perseguia incessantemente o cristo pelo espaço a fora, chegando sempre cinco minutos depois dele ter partido…
O cometa é o retrato dessa busca e ele brilha para mostrar como é difícil encontrar o que está dentro da gente e não no céu como querem nós acreditemos.
O cometa é a resposta para todas as perguntas e a pergunta para todas as respostas.
A última vez que ele passou por aqui as pirâmides do Egito estavam nos alicerces, e, no entanto, no tempo dos cometas foi ontem…
Que somos nós diante das forças do universo?
Grãos de pó num torrão de terra girando ao redor duma bolinha de fogo perdida num canto duma Via Láctea.
Hale -Bopp ou Hale-Bopp, que importa se a sua chegada é mais do que seu nome e traz em si todas as lembranças de todos os mundos que nós não conhecemos?
Cometa, deixa teu brilho iluminar a terra. que ele traga na curva da tua cauda muita luz e um pouco de paz!
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