Um quadro trágico
[Crônica do dia 21 de julho de 2003]
De acordo com a Unesco, metade dos alunos brasileiros com 15 anos de idade só consegue lidar com conceitos básicos de leitura. Quer dizer, são quase analfabetos, o que nos coloca no final de uma lista de países, junto com Macedônia, Albânia e Peru.
É um quadro trágico, mas lógico, porque o que fazem com a educação no país é quase criminoso. Começando pelo nível dos professores, que deixa muito a desejar principalmente na rede pública, prosseguindo na visão de ensino destes mesmos professores, que misturam política com educação, acabando na distorção gritante entre a realidade nacional e a estrutura da educação no país, não tem como ser diferente.
É o mesmo drama que faz a violência ser o que é. Tem a mesma origem e está na base dela, como um dos pontos fundamentais da questão, porque apesar de alfabetizados, os jovens brasileiros não conseguem entender o que leem e o resultado é um número crescente de bacharéis em todas as profissões completamente despreparados para exerce-las, a ponto dos exames da OAB reprovarem mais de 2/3 dos candidatos a advogados, parte dos quais, ainda assim, faz exame para juiz, promotor e delegado de polícia e passa.
Enquanto fantasiarmos nossa realidade, imaginando que somos os países escandinavos, não tem o que fazer, o quadro vai se complicar cada vez mais, nos condenando a ficar eternamente patinando na porta do mundo desenvolvido, mas sem conseguir entrar.
Educação é coisa séria e vai além das escolas de lata, dos alunos que não são reprovados e das faculdades que mal e mal dariam escolas médias. E sem educação não há progresso.
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