Minha prima Alice
[Crônica do dia 12 de setembro de 1997]
A vida pode ser linda e as pessoas maravilhosas. Está em nós descobrir isto e aproveitar tudo de bom e de gostoso que resulta daí.
Infelizmente o dia a dia, especialmente nas cidades grandes, tapa o sol e confunde os rumos, impedindo-nos de ver em volta, ou, pelo menos, de ver, percebendo o que estamos vendo.
É assim que ações e gestos deslumbrantes passam desapercebidos, como se nunca tivessem existido e, o que é mais triste, chegando a magoar quem os praticou, que por não ter resposta, julga-se preterido.
Invariavelmente não é nada disso, mas nós não sabemos fazer de outro jeito e a nossa enorme falta de jeito é a causa de desencontros que poderiam ser evitados e que, se evitados, poderiam abrir portas maravilhosas, ampliando espaços jamais imaginados.
Por sorte, às vezes, nossos olhos veem o que sempre esteve à nossa frente, mas que, por muito tempo, nós insistimos em não ver.
Nestes momentos a vida adquire outra cor, que a faz linda e a justifica, mesmo sabendo-a fora de nosso controle.
São instantes que se eternizam nas cores dum pôr do sol, ou numa lua cheia, ou nas ondas quebrando numa praia de areias brancas.
Mas são também presenças.
Pessoas que aparecem nas horas que são importantes e que, por normalmente aparecerem, nós mal reparamos, como se elas estarem ali, naquela hora, fosse normal.
Só quando paramos e pensamos a respeito, realizamos que esta normalidade não é tão normal assim, e que elas estão ao nosso lado por que querem, sem ganhar nada com isso, exceto o prazer de estarem fazendo o que querem.
É por isso que eu quero mandar um beijo do fundo do coração para a minha prima Alice. Ela está sempre ao meu lado, como uma presença boa, chova ou faça sol, nas horas mais importantes da minha vida.
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