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A inutilidade dos semáforos

[Crônica do dia 26 de setembro de 2007]

Finalmente a população tomou as rédeas nas mãos e agora faz o que quer, como quer e quando quer, pelo menos no tópico “respeito aos semáforos”.

Anos e anos de insistência, de forçada de barra, de falta de sincronização, para não dizer de competência, fizerem parte importante dos motoristas paulistanos chegar à conclusão de que a verdadeira razão de ser dos semáforos não é controlar o fluxo dos veículos pela cidade, mas apenas mudarem de cor para distrair o motorista parado no meio da rua, impedindo os outros de seguir de um lado para o outro.

É verdade que apesar do mérito principal ser indiscutivelmente da direção da CET, ele não é inteiramente dela, ou pelo menos da que está lá hoje, inclusive porque a ação foi uma ação coletiva, que se estendeu ao longo do tempo, independentemente do viés ideológico de quem estivesse no poder e da tendência política do momento.

Os semáforos tiveram um momento glória, quando a coreografia de suas cores dava o ritmo das ruas, abrindo em sequência, numa fila continua e verde ao longo da cidade.

Depois, ganharam inteligência e este pode ter sido o início do drama. Inteligentes, os semáforos começaram a perceber que podiam ser mais competentes que seus reguladores, e aí lentamente, passo a passo, sem dar bandeira, foram assumindo o controle das ruas.

Finalmente, numa ajuda sem preço, as autoridades municipais deixaram de repassar dinheiro para a CET fazer ao menos a manutenção de seus equipamentos e o resultado foi os semáforos inteligentes fora de controle, cada um fazendo como quer, numa enorme anarquia. Vendo isso os motoristas aderiram à moda e agora a única realidade é o caos.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.