A inutilidade dos semáforos
[Crônica do dia 26 de setembro de 2007]
Finalmente a população tomou as rédeas nas mãos e agora faz o que quer, como quer e quando quer, pelo menos no tópico “respeito aos semáforos”.
Anos e anos de insistência, de forçada de barra, de falta de sincronização, para não dizer de competência, fizerem parte importante dos motoristas paulistanos chegar à conclusão de que a verdadeira razão de ser dos semáforos não é controlar o fluxo dos veículos pela cidade, mas apenas mudarem de cor para distrair o motorista parado no meio da rua, impedindo os outros de seguir de um lado para o outro.
É verdade que apesar do mérito principal ser indiscutivelmente da direção da CET, ele não é inteiramente dela, ou pelo menos da que está lá hoje, inclusive porque a ação foi uma ação coletiva, que se estendeu ao longo do tempo, independentemente do viés ideológico de quem estivesse no poder e da tendência política do momento.
Os semáforos tiveram um momento glória, quando a coreografia de suas cores dava o ritmo das ruas, abrindo em sequência, numa fila continua e verde ao longo da cidade.
Depois, ganharam inteligência e este pode ter sido o início do drama. Inteligentes, os semáforos começaram a perceber que podiam ser mais competentes que seus reguladores, e aí lentamente, passo a passo, sem dar bandeira, foram assumindo o controle das ruas.
Finalmente, numa ajuda sem preço, as autoridades municipais deixaram de repassar dinheiro para a CET fazer ao menos a manutenção de seus equipamentos e o resultado foi os semáforos inteligentes fora de controle, cada um fazendo como quer, numa enorme anarquia. Vendo isso os motoristas aderiram à moda e agora a única realidade é o caos.
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