Nem todos são iguais

[Crônica do dia 4 de outubro de 2007]

Nem todos são iguais. Alguns são muito piores. E outros conseguem ser piores ainda. O curioso é que a maioria se pretende finas, chique e por isso pode cobrar caro. Mas o serviço, ah, o serviço!

Mas o que é o serviço numa conta que pode passar de um salário mínimo por casal? Aliás, o que é, além do serviço, a própria comida? Nada. O que vale é o seu privilégio de se sentar mal acomodado no charmoso, irresistível e encantador restaurante do chefe tal de tal.

Que importa se a mesa onde o maitre te coloca é para dois apertados, se ele acha que cabem quatro com conforto? Que importa se não cabe o couvert e os copos? Nada. Como eu já disse você está tendo o privilégio de comer a comida mágica feita pelas mãos cósmicas de tal de tal, o chefe dos chefes, comparável ao grande chefe de Kublai Kan, o imperador da China.

Além disso, quem você acha que é para reclamar se o garçom retirar seu prato enquanto você ainda está comendo? Quem mandou não comer mais rápido?

Da próxima vez, antes de entrar no sagrado templo da perdição, se certifique do tempo que você tem para cada coisa. O couvert, o pedido, a salada, o prato principal e a sobremesa, que você só pede, mas não come, para economizar tempo, bebendo um rápido cafezinho, que pode ser requentado para aumentar o lucro do estabelecimento.

Daí pra frente quem você pensa que é para exigir seja lá o que for? Não, não e não, você não tem direito. Seu único direito é conferir a conta e pagar, errada e tudo, se o erro for pra mais. Ainda bem que, além destes, que duram pouco, São Paulo tem milhares de restaurantes honestos, onde você entra pede, come e paga o justo. Eles fazem a diferença.